segunda-feira, 9 de maio de 2011

O "obsessor" do bar

Texto de Victor Rebelo



Anos atrás, costumava ir a um bar noturno para ouvir o pessoal tocar blues e rock. Foi uma forma de diversão e expressão artística que vivenciei por poucos meses, mas com bastante intensidade durante essa época da minha vida.

Infelizmente, naquele ambiente, o excesso de emanações alcoólicas, de fumaça de cigarro, além da presença, nos “bastidores”, de certas drogas, demonstrava que a atmosfera psico-espiritual era bastante perturbadora. Isso não significa que o rock, o blues ou o barzinho, tão frequentado por jovens, sejam sinônimos de desequilíbrio. Mas naquele caso, era.

Certa noite, já de madrugada, me vi projetado fora do corpo na porta do bar e logo percebi o que estava ocorrendo. Próximo à entrada havia um grupo de espíritos, alguns desencarnados e outros temporariamente projetados fora do corpo, como eu.

Fui me aproximando e, então, vi um espírito, com a aparência de uns vinte e cinco anos, que me chamou a atenção. Quando ele me viu, fui logo reclamando: - Você é um espírito obsessor! Está me perturbando!

Ele continuou na dele, sem dizer nada, apenas me encarando. Então continuei:

- Por que você faz isso? Por que está fazendo a turma beber até “encher a cara”?

Para meu espanto, ele me respondeu com a maior naturalidade:
- Pare de ser hipócrita! Não sou eu que faço o pessoal beber e fumar! Eles bebem e fumam porque querem, eu apenas “curto” junto... dou uma forcinha!

Foi aí que “caiu a ficha” e percebi o quanto eu estava sendo infantil. É claro que todos somos responsáveis pelos nossos atos, não podemos responsabilizar os outros por isso. Temos que parar com esse “papo” de espírito obsessor. Então perguntei:

- E como você faz isso?

- É simples! Quando alguém fuma, por exemplo, chego bem pertinho da pessoa, quase abraçando-a, e aspiro a fumaça ao mesmo tempo.

Enquanto explicava, foi demonstrando. A impressão que tive, quando ele aspirou a fumaça, é que o perispírito dele se justapôs ao de um jovem que tragava um cigarro naquele momento, quase que “colando” nele.

Após esta curta conversa, voltei ao corpo físico e despertei. Rememorei bem o que ocorreu para não esquecer mais e, após uma prece de agradecimento pela lição recebida, adormeci.

Dias após este fato, parei de frequentar este bar. Ele mudou muito, não está como antes, mas a lição que aprendi me marcou profundamente.

Quantas vezes, numa atitude imatura, culpamos os outros pelos nossos fracassos? Quantos de nós não criamos obsessores imaginários para os responsabilizarmos por nossos vícios? Quando se fala em obsessor, logo vem à mente a imagem de um ser diabólico, malvado. Aquele espírito, que não era exatamente um obsessor, mas um co-participante dos desequilíbrios alheios, era muito inteligente e culto. Um artista e intelectual, só que desencarnado.

Precisamos nos libertar dos preconceitos e perceber que um espírito só pode nos induzir com sucesso a fazermos algo se dermos abertura mental, ou seja, se o “mal” já existe dentro de nós. Só assim amadureceremos e assumiremos a direção do barco da nossa vida, não permitindo que ele se afunde nos momentos de tempestade.

Para ler a matéria na íntegra, basta clicar: O "obsessor" do bar

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